quarta-feira, outubro 06, 2010

"A bebedora de sóis"

Mia Couto é um dos mais importantes escritores africanos da atualidade. É autor de mais de quinze livros, dentre eles "Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra" e "Antes de nascer o mundo".

O escritor é amigo da Vanessa e escreveu o release de divulgação de "Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias". Coisa fina!Leia aqui:

"Leveza é a palavra. Depois de escutar o novo disco de Vanessa da Mata é essa a palavra que flutua dentro de mim, como eu mesmo, perdido do peso e de outras gravidades, me sinto capaz de sonho e viagem. Entender não é exactamente o que se quer, depois dessa inundação. Acredito, no entanto, que essa leveza surge pelo talento de Vanessa para costurar palavra e som, como se ela soubesse que poesia e música são dois nomes de uma mesma linguagem divina. Esta nova obra de Vanessa é um tapete de fiações diversas, como tecida de vidas foi a sua própria vida. Citando a própria autora, são "palavras que rezam", palavras para serem ditas pelo corpo, canções para se ver versos.

Acertei com Vanessa escrever umas tantas linhas para este disco estava eu, há uma semana, saindo do Brasil para Moçambique. Durante a viagem de regresso, me compenetrei que eu precisava conhecer melhor o trabalho dessa jovem, mas já consagrada compositora e intérprete brasileira. O que eu conhecia, porém, já me levara à aceitação da incumbência, como um adolescente entusiasmo. Eu tinha encontrado a cantora no ano anterior, num restaurante do Rio. Na altura, já me havia apaixonado por canções dela que me tomaram pela cintura e me conduziram a poéticas vagueações.


Nessa noite, jantamos com amigos e ficamos amigos. Vanessa estava preparando-se para um show que decorreria umas poucas horas depois. Pensei no momento: se fosse eu, em véspera de espectáculo, estaria já morrendo de parideiras dores. Mas ela ali estava, completa e serena, como se não houvesse a vizinhança de um caminhar descalça sobre o labaredas. A razão dessa serenidade não seria qualquer coisa que pudéssemos chamar de traquejo profissional. Vanessa cantaria com a mesma naturalidade com que ela estava ali desfiando palavras e tecendo lembranças. Dela me ficou uma indelével impressão de luminosidade, como se nela se confirmassem as palavras da sua própria canção "a manhã chega, chega, chega...".


Em manhã eterna viviam a sua alma, a sua voz. Essa mulher que Maria Bethânia já havia chamado de "palmeira imperial" inspirava em mim o efeito da fronde das palmeiras: um repouso na fronteira entre sombra e Sol.


Disse a Vanessa que este meu breve texto seria apenas a confissão de uma emoção, a impressão de quem não sabe senão do gosto de converter a vida numa infinita escuta. Foi assim que ouvi o novo disco Vanessa. Talvez "ouvir" não seja o verbo certo. É preciso deixar-se tomar por esse embalo de fala e canto, esse balanço que nos faz dançar versos.


Nesta obra nova é difícil vislumbrar um padrão musical definido. As misturas são intencionais, várias e plurais, desde um piscar de olhos à tradição popular brasileira até ao namoro com esta áfrica onde eu faço chão e céu. Mas existe uma constante que se sobrepõe a esta diversidade. A alusão à luminosidade, à lua, ao Sol, é recorrente na maior parte das faixas. E isso confirma toda a minha lembrança: Vanessa vem à tona da luz para respirar. E para nos fazer respirar não armas claridade. Cada canção é uma janela. Que se abre para o lado de dentro do Sol".

Mia Couto,
Maputo, Setembro de 2010

sexta-feira, abril 30, 2010

SKY PATROCINA "MULHERES BRASILEIRAS" COM VANESSA DA MATA

SKY patrocina o projeto “Mulheres Brasileiras”, que reúne seis grandes vozes femininas em encontros inéditos ancorados por Vanessa da Mata.

Produzido pela Planmusic, de Luiz Oscar Niemeyer, o projeto passará por seis capitais no período de 20 de março a 7 de maio. Para o empresário Luiz Oscar Niemeyer, “Mulheres Brasileiras”, a mais nova parceria Planmusic e SKY, “ é uma homenagem e um reconhecimento da força e da importância da presença feminina no cenário do país.” O vice-presidente de marketing e programação da SKY, Agricio Neto, complementa, “A SKY vem há cinco anos investindo no apoio à música popular brasileira e ao esporte, com o patrocínio de equipes de vôlei, basquete, modalidades olímpicas e Stock Car. Patrocinar projetos como estes é uma retribuição da SKY à sociedade brasileira através do fomento ao artista ou atleta nacional.”

No “Mulheres Brasileiras”, Vanessa da Mata apresenta canções do disco “Jardim Perfurmes de Sim” gravado ao vivo em Parati e lançado em maio de 2009. O repertório reúne sucessos da carreira da artista como “Vermelho”, “Boa Sorte”, “Amado”, “Não Me Deixe Só”, entre outros. E engrandecendo ainda mais este espetáculo, a artista se junta a vozes femininas de estilos e gerações diferentes. Com cada uma delas interpreta uma canção de sua autoria, e outra do repertório da convidada.


Confira as datas e locais dos shows, convidadas especiais:


20 de março – Salvador – Concha Acústica – 19h
Convidadas especiais: Dona Ivone Lara, Mallu Magalhães e Mariana Aydar


25 de março – Porto Alegre – Teatro SESI – 21h
Convidadas especiais: Alcione e Maria Gadú


09 de abril – Brasília – Centro de Convenções Ulysses Guimarães – 21h
Convidadas especiais:
Fernanda Takai e Mariana Aydar

20 de abril – Belo Horizonte – Chevrolet Hall
Convidadas especiais: Maria Gadú e Fernanda Takai

30 de abril – São Paulo – Via Funchal – 22h
Convidadas especiais: Maria Gadú e Mallu Magalhães

07 de maio – Rio de Janeiro – Vivo Rio
Convidada especial:
Dona Ivone Lara e Mart'nália
Venda de Ingressos: www.vivorio.com.br ou www.ingressorapido.com.br
Classificação indicativa 16 anos.


Vanessa da Mata fala sobre seu projeto que vai reunir no mesmo palco diversas cantoras de estilos diferentes em uma celebração às vozes femininas.
O show de estréia foi realizado na Concha Acústica, em Salvador, com apresentações de Mallu Magalhães, Mariana Aydar e Dona Ivone Lara, além da anfitriã Vanessa da Mata. O projeto passará por seis capitais Salvador, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo terminando no Rio de Janeiro.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Entrevista Vanessa da Mata


Uma das cantoras de maior destaque no cenário atual da música popular brasileira, com dois discos gravados e mais de 250 composições registradas, a mato-grossense Vanessa da Mata foi uma das atrações do 7º Festival de Inverno de Lençóis, que movimentou a Chapada Diamantina de 8 a 11 de setembro. A cantora, que lançou recentemente seu segundo CD 'Essa boneca tem manual', conversou com a equipe do iBahia.
por Silvia Resende - silvia@portalibahia.com.br

iBahia - Primeira vez no Festival de Inverno. Como foi para você tocar numa cidade histórica como Lençóis?
Vanessa da Mata - A expectativa era enorme, pela riqueza natural do lugar, sua história, as pedras preciosas. Eu sempre ouço mais falar da atualidade, do que restou de natural e bonito, do que da história e da extração de pedras preciosas. Quem bom que restaram coisas boas. Eu espero que as pessoas tenham gostado do show.

iBahia - O repertório para esse show foi especial?
VM - Eu tenho um carinho muito grande pela Bahia. Minha avó é baiana. Toda vez um canto uma coisa especial na Bahia.

iBahia - Você fez uma trilha hoje pelo Serrano. Como foi a experiência? Você é esportista?
VM - Eu já fui muito esportista, já joguei basquete profissional, mas foi muito passageiro, eu era muito grande e preguiçosa, só queria fazer cestas de três pontos... (risos) Mas eu adoro trilha e natureza.

iBahia - Você conhecia a região?
VM - Não conhecia a Chapada, tinha pouquíssimo tempo para ficar aqui hoje, mas deu tempo. Fui, tomei um banho rápido de cachoeira e me benzi. Foi ótimo.

iBahia - E gente tava observando o seu look trilha (vestido, sapatilha e um laço no pescoço)...
VM - (Risos) Foi um vestido básico de malha!

iBahia - Se seu passeio pelo Serrano, hoje, virasse um clip, qual seria a trilha musical?
VM - Meu Deus...! Acho que o Ryuichi Sakamoto, em uma trilha que ele fez para o filme 'O Último Imperador', uma coisa bem calma. Poderia ser também o Tom Jobim.

iBahia - Alguns críticos já consideram você a nova Marisa Monte, como você recebe esse tipo de comparação?
VM - Eu acho ótimo, já que ela é uma artista grandiosa e um exemplo que deu certo, mas acho que ela é ela, e eu tenho um trabalho a seguir, que demorou muito para chegar até aqui, com estudo, esforço e dedicação. É lógico que eu acho ótimo ser comparada com ela, que é um exemplo de esforço também, que tem uma música que não é passageira, que tem uma qualidade, cuidado com os arranjos. Acho que todo mundo é comparado, ela foi muito comparada a Gal Costa e eu também sou comparada a Gal. Isso é natural.

iBahia - Quais são seus ídolos na música?
VM - Luiz Gonzaga, Djavan, Caetano, Chico Buarque, lógico, ele é um Deus. Também a Gal Costa, Carmem Miranda, Tom Jobim, Gonzaguinha, Maria Bethânia...

quarta-feira, setembro 14, 2005

O look fashion de Vanessa da Mata


Vanessa pode até ser da mata, mas foi surpreendida ao saber das belas trilhas que poderia fazer em Lençóis. Em vez de descansar (ou dar entrevistas) aproveitou o final da manhã para conhecer o Serrano, trilha que fica próxima ao hotel onde a cantora estava hospedada. O look escolhido para a caminhada foi um show à parte. Vestido longo de malha, sapatilha, chapéu, óculos escuros e uma flor amarrada no pescoço. A gente não resistiu e fotografou, claro.“Adoro trilha, adoro natureza. Não conhecia a Chapada, tinha pouquíssimo tempo para ficar aqui hoje, mas deu tempo. Fui, tomei um banho de cachoeira e me benzi. Foi ótimo.”, declarou após o passeio. (13/09/2005)

sexta-feira, julho 29, 2005

Vanessa da Mata ao vivo em DVD


cantora, que vem ganhando espaço no cenário musical nacional, anuncia o lançamento de um show ao vivo em DVD para o ano de 2005. A gravação, realizada em uma casa de shows carioca, trará uma mistura de faixas de seus dois discos. Os fãs de Vanessa da Mata não perdem por esperar.

Vanessa da Mata passa mais de três horas com fãs no Rio


Vanessa da Mata fez um grande sucesso nas Lonas Culturais do Rio no último final de semana. A cantora, que fez pela primeira vez shows populares em Anchieta, Realengo e Campo Grande, saiu com a alma lavada.
Seus fãs cantaram todas as músicas e depois do show, fizeram filas de até três horas para falar com a cantora, que recebeu todos apesar do frio.
Vanessa segue com Essa Boneca Tem Manual para Petrópolis, no próximo sábado. E para Portugal no mês de Agosto.

Novas cantoras brasileiras

Abençoada a terra que tem mulheres maravilhosas e o Brasil deve ser o lugar em que mais encontramos estão benção. Além das mulheres mais belas do mundo, temos entre as mais capacitadas profissionalmente, as mais lutadoras das causas justas e com grande vocação para as artes, em especial a música.
Nossa seleção de cantoras está repleta de grandes personagens que sofreram todo tipo de discriminação antes de se firmarem como grandes artistas. O espaço nas rádios e, bem depois, na TV é um reconhecimento à luta emancipadora das mulheres. Nomes como Chiquinha Gonzaga, do final do século XIX e começo do século XX, que teve como símbolo o convite para tocar seu maxixe na festa da família do Marechal Hermes da Fonseca no próprio Palácio do governo, contrapondo o preconceito contra as cantoras.
Nos últimos anos, chama atenção o número de novas cantoras com excelente qualidade de trabalho. Observação importante é que as novas cantoras não são revelações imediatas, a maioria parte já tem mais de dez anos de vida profissional.
A seguir, apresento algumas sugestões de cantoras que merecem o destaque para ouvir e acompanhar:

Vanessa da Mata: esta cantora é um sinônimo de ousadia, o que não significa sempre em qualidade da obra no sentido musical. Em seu CD "Vanessa da Mata" tem composições próprias em quase todas as faixas. Se destaca pelo equilíbrio vocal, sabe a tonalidade de sua voz e utiliza bem sua sutileza. Algumas canções são fracas em letra e música, mas a maioria eleva o nível desta beleza.
"Não me deixe sóEu tenho medo do escuroEu tenho medo do inseguroDos fantasmas da minha voz.(...)Não me deixe sóTenho desejos maioresEu quero beijos intermináveisAté que os olhos mudem de cor"(Não me deixe só - Vanessa da Mata)

por Rodrigo Carvalho (rodrigo@vermelho.org.br), em 29/5/2003

quinta-feira, julho 14, 2005

A nova safra de cantoras brasileiras. Nova mesmo?


Nova geração?

Felipe Neves, repórter iG em São Paulo
O crítico musical e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Walter Garcia Jr., faz uma comparação com outra cantora de sucesso do País, para mostrar como é difícil analisar a nova geração. "A Marisa Monte só definiu o rumo de sua obra a partir do terceiro CD", explica. "Antes disso, era experimentação pura, tiros para todos os lados", completa.
Além de Maria Rita, outro nome de maior repercussão é o de Vanessa da Mata, que, com seu CD homônimo de estréia, conseguiu agradar a gregos e troianos: ou seja, crítica e público. Seu segundo álbum, "Essa boneca tem manual", já não foi tão bem recebido. Por quê? Porque é muito pop, sentenciou a crítica. Muito mercado.
Apesar de considerar que ainda é cedo para analisar a obra dessas cantoras, Walter Garcia já aponta uma preocupação com relação a seus futuros trabalhos. Para ele, é imprescindível que elas definam uma identidade própria. "Ao ouvir a Maria Rita ou a Vanessa da Mata, a gente tem dificuldade de definir quem é a pessoa porque elas estão sempre se referindo ao passado".
Vanessa da Mata vem enfrentando o mesmo problema. Para Garcia, nos dois únicos álbuns que gravou até hoje, "ela alterna muitos altos e baixos". Em sua opinião, os baixos ficam mais nítidos quando ela tenta ser quem ela não é. "Tem trechos que ela canta idêntico a Gal Costa, Adriana Calcanhoto ou Marisa Monte". Que fique claro, Garcia não está rejeitando seu talento, muito pelo contrário. "Quando sentimos que ela está sendo ela mesma, tem canções interessantíssimas", afirma. Alberto Helena, embora faça questão de deixar claro que não conhece a fundo o trabalho de Vanessa, garante que ficou muito bem impressionado pela nova cantora. "Muito interessante. Gostei bastante quando vi um show dela na TV. Ela tem um repertório interessante e uma ótima presença de palco", diz.Carlos Calado ainda não conseguiu ouvir o segundo álbum de Vanessa da Mata. Por isso, acha que é melhor não falar sobre sua obra. Muito justo. No entanto, a impressão causada pelo primeiro CD no jornalista foi boa. "Acho a Vanessa bastante talentosa. Ela realmente já iniciou a carreira demonstrando talento", afirma, lembrando que, quando ainda era uma mera desconhecida, Vanessa teve uma música ("A força que nunca seca") gravada por Maria Bethânia.

Vanessa da MAta lança seu 2° Cd: "essa boneca tem manual:


Por Leonardo Melo (10/2004)

Muitos a comparam com cantoras como: Gal Costa, Maria Bethânia, Baby do Brasil, Nara Leão e Marisa Monte. Eu prefiro pensar em Vanessa da Mata como Vanessa da Mata: esta mato-grossense talentosa, que quebra o estigma do segundo cd e lança um trabalho realmente maravilhoso, com o dedo pop de Liminha. Desde o encarte, aos arranjos o trabalho foi realmente sensacional. Curiosamente, a única faixa de que não gostei muito foi a faixa-título. As restantes de um modo geral me agradaram bastante.
A doce voz de Vanessa massageia os ouvidos especialmente em faixas indefectíveis como: "Ainda Bem", "História de Uma Gata", "Eu Sou Neguinha?" e "Joãozinho". "Não Chore Homem" e "Eu Quero Enfeitar Você" também agradam. No presente no cd, o produtor assina algumas faixas em parceria com Vanessa que assina outras sozinha e utiliza-se ainda de duas regravações.
A primeira faixa do disco é realmente uma daquelas canções que ficam na cabeça: os "na-na-na´s" de "Ainda Bem" já podem ser ouvidos em várias rádios de todo o Brasil. "Eu Sou Neguinha", de Caetano Veloso ganha uma inusitada interpretação com destaque para as guitarras de Fernando Caneca. A clássica versão de Chico Buarque para a canção de Bacalov e Bardoti ganhou uma versão bastante divertida, reforçada por Leo Gandelman e pelo Coral de Música da Rocinha. "História de Uma Gata" para Vanessa representa o gosto pela liberdade. Já a não menos divertida "Joãozinho" fala sobre o jeito de prender cabelo usado por muitas meninas e mulheres. Esta canção traz um certo "sabor de roça" no arranjo que a torna irresistível. "Não Chore Homem" e "Eu Quero Enfeitar Você" também agradam bastante pelo arranjo muito bem trabalhado.
Enfim: temos um belo cd de uma talentosa cantora. Indispensável para os fãs da nova MPB. É bom saber que existem cantoras como Vanessa da Mata. A única coisa que lamento é que ainda não tive a oportunidade de acompanhar um show dela. Mas ainda hei de assisti-la.

Vanessa da Mata: a moça de Joãozinho no cabelo

"Moça de Joãozinho no cabelo / Corre quando começa a chover / Olha só vai enrolar / O cabelo encolher". Os versos são cantados pela matogrossense Vanessa da Mata, uma mulher de cachos bem definidos e uma voz doce. Nascida em Alto Garças, Vanessa saiu de casa cedo, aos 14 anos, e passou a viver em pensionatos, compondo e aprendendo a arte da música. Hoje, ela está em Aracaju, para uma apresentação no Teatro Tobias Barreto.
Longe de ter uma vida maravilhosa, da Mata sofreu, aprendeu e dessas lições encontrou a força para fazer melodias suaves, inteligentes e que contemplam a realidade. “Escrevo muito, amo escrever. Ando sempre com bloquinho e caneta. Assim nascem minhas músicas”, disse. Voz doce, composições inteligentes que retratam a vida de maneira simples.
Abaixo, um pouco do que representa Vanessa da Mata, apenas um simples retrato da grande cantora:

PORTAL INFONET – Como se dá o processo de composição de suas música?
Vanessa da Mata – Eu componho compulsivamente. Sempre ando com bloquinho e caneta porque se der vontade... (risos). Hoje, eu dei um tempo neste processo, no momento estou me concentrando apenas nos shows. Compor para mim funciona como um processo de observação.

INFONET – Você praticamente estourou há pouco tempo. Como é a sensação de se tornar tão conhecida do dia para a noite?
VM – (Risos) Estourou? Acho tão estranho esse negócio de estourar. Parece que a pessoa se desintegrou. Bom, falando sério. Eu não fiquei famosa da noite para o dia: há muito tempo que eu venho trabalhando e cantando. Agora, quanto à sensação, eu não sei, por exemplo, se um homem bonito me olha na rua porque está me paquerando ou porque eu estou famosa (risos). Só posso dizer que ainda há muito o que conquistar. Não me considero essa pessoa tão famosa.

INFONET – A principal causa de tantos elogios decorre do fato de que você produz canções profundas, com letras que fogem do tradicional. Por quê?
VM – Eu procuro sair do padrão, procuro fugir das escolas de música, do que já está institucionalizado. Passei muito tempo morando sozinha, saí de casa aos 14 e fui morar em pensionato. Lá, tive a chance de aprender e de criar meu próprio estilo. Quanto às letras, como eu saí de casa cedo, também sofri muito e utilizei essa experiência em minhas letras. Queria escrever aquilo o que meu universo dizia que era profundo e romântico.

INFONET – O que você acha das comparações com outras cantoras?
VM – Já me compararam a Clara Nunes, Maria Bethânia, Gal Costa, Marisa Monte. Teve gente que chegou ao cúmulo de mandar Maria Rita se cuidar porque eu estava chegando. Isso é um absurdo. Eu não quero competir com ninguém. Sempre quis ser original, mas as pessoas têm essa mania de rotular. Eles não vão dizer: ‘olha, a Vanessa tem a voz doce, um timbre mais assim’, eles vão querer me comparar porque é mais fácil. Agora, fico muito lisonjeada quando alguém diz que eu pareço com uma grande cantora. Isso é um elogio.

INFONET – Você já ouviu falar da produção cultural em Sergipe?
VM – Não. Sergipe é um Estado do qual eu não ouço falar muito em termos de música. Acho que a produção musical e seu reconhecimento tem muito a ver com a auto-estima da população. Olhe só o povo baiano: não tem aquela história de que baiano não nasce, estréia? Então. Eu, quando saí de minha cidade, sabia que no Mato Grosso não iria sobreviver de música. Infelizmente as grandes gravadoras estão localizadas no sul do país. Tem muita gente boa escondida por aí.

INFONET – Os festivais de música seriam uma solução para a descoberta de novos talentos?
VM – Festival não funciona mais como antes. Creio que aquele era um momento muito particular, de luta contra a ditadura. O problema de se fazer festival hoje é que muita gente chega com aquelas músicas elitizadas que ninguém consegue entender, só os próprios compositores. Conseguir ser descoberto ainda é uma coisa de pessoa que conhece outra pessoa e indica.

INFONET – Do que você mais sente falta na música de hoje?
VM – Do folclore, do popular, do local, dessa coisa que vocês têm aqui no Nordeste. O problema é que Cultura ainda é a 11ª coisa mais importante na vida de alguém. No Brasil, a gente precisa primeiro ter o que comer, depois ter como pagar a escola dos filhos, se vestir, para só então pensar em Cultura.

INFONET – O que você acha a respeito da pirataria?
VM – Pergunta difícil essa (risos). Primeiro, eu sou de uma grande gravadora, depois, eu venho de uma cidade que nem loja de CD tem, onde tudo o que chega é pirata... E então...?

INFONET – Neste CD, qual sua música preferida?
VM – Acho que é “Ela x Ele na Cidade sem Fim”, que foi a que eu mais participei ativamente. O que eu quis mostrar com a música é essa cultura do descartável, de uma geração em que o outro é descartável, em que o amor é assim. Se algo estiver com um pouco de problema, eu simplesmente jogo fora ao invés de tentar consertar.

(Em 25/02/2005, 15:32, para o Sergipe Cultural)

.: 8ª edição do Avon Women in Concert

Vanessa da Mata e Milton Nascimento subiram ao palco

» Como homenagem antecipada ao Dia Internacional da Mulher, Milton Nascimento, VANESSA DA MATA e Marina Machado subiram no palco armado na Praça da Paz do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no domingo 06.03, para o show de lançamento do projeto cultural Avon Women in Concert 2005, que reuniu os famosos músicos com grupos femininos regionais de percussão e mais de 50 musicistas da Orquestra Filarmônica de Mulheres.

Mico do ano de 2003


Marketing de Vanessa da Mata

Num período de crise para as gravadoras, devido à pirataria e ao download de músicas, o maior erro foi de estratégia: A cantora é boa, e o disco, bonito. Mas, mal lançado no ano passado, Vanessa da Mata não aconteceu. Em 2003, na cola do sucesso de Maria Rita, a gravadora Sony tentou fazer Vanessa da Mata decolar. Ela gravou até hit da Jovem Guarda para a novela Celebridade, porém já era tarde. A promissora Vanessa ficou ofuscada pelo furacão Maria Rita.

(Em 05/01/2004)

Voz da Mata


Vanessa da MataCantora e compositora de Mato Grosso é nova promessa da MPB

por Mauro Ferreira

Vanessa da Mata é uma cantora e compositora de Mato Grosso, revelada em escala nacional em 1999, quando Maria Bethânia gravou “A Força Que Nunca Seca” e batizou o disco com o nome desta parceria de Vanessa com Chico César. Obra-prima de sotaque interiorano, a música é um dos destaques do primeiro CD da cantora, cujo timbre lembra Marisa Monte. Mas Vanessa impõe sua personalidade no disco pelo repertório autoral. Ela assina dez das onze faixas do CD. “Onde Ir” játoca há meses na trilha da novela Esperança.
Muito do acerto do disco deve ser creditado à produção comunitária de Jaques Morelenbaum, Luiz Brasil, Liminha, Dadi e Kassin. Essa turma criou sonoridades delicadas que valorizam as músicas de Vanessa. Como compositora, ela acerta especialmente no samba-rock “Não me Deixe Só”, no samba “Viagem” e na valsa “Case-se Comigo”, de sotaque blues.
Vanessa da Mata está sendo vendida pela gravadora Sony Music como a grande revelação da MPB. Não é isso tudo, mas promete. Sua contagiante regravação de “Alegria”, samba de Assis Valente lançado por Orlando Silva em 1937, traduz o contentamento exposto já no título do samba e anuncia uma cantora capacitada a construir carreira sólida, como fizeram Adriana Calcanhotto e a própria Marisa Monte, evocada pelo canto de Vanessa.

(Em 25/11/2002)

Manual da Indústria Pop

Em seu segundo CD, Vanessa da Mata se perdena tentativa de soar como Marisa Monte

por Mauro Ferreira

O segundo disco de Vanessa da Mata, Essa Boneca Tem Manual, é triste exemplo de como a indústria fonográfica pode manipular a inspiração de um artista. O regionalismo chique e eventualmente brejeiro exibido pela compositora mato-grossense em seu primeiro e estupendo CD acabou diluído pela fórmula pop de Liminha, produtor do novo álbum e parceiro da cantora em cinco das dez inéditas.
A gravadora Sony Music planeja para Vanessa o estouro que não aconteceu no trabalho anterior, e a escolha da canção que puxa o CD nas rádios, “Ainda Bem”, não deixa dúvidas de que a intenção é fazer a cantora soar como Marisa Monte.
A onipresença de Liminha como parceiro da artista é um dos fatores negativos do CD. Vanessa se garante sozinha como compositora, a julgar por faixas como “Joãozinho”, cuja brejeirice remete ao seu primeiro álbum. Avalizada por Maria Bethânia, que a revelou em 1999 com a gravação da toada “A Força Que Nunca Seca”, Vanessa é autora inspirada, mas sua nova safra de canções foi banalizada por Liminha.
Por conta dos desacertos autorais, a intérprete supera a compositora no disco. Feita com a participação do coro infantil da Escola de Música da Rocinha, a recriação de “História de uma Gata” – tema italiano letrado por Chico Buarque nos anos 70 para o musical Os Saltimbancos – é prova de que Vanessa tem personalidade e não precisa ficar na cola de Marisa Monte.

terça-feira, julho 12, 2005


Pela terceira vez (26.o5.2003; 10.12.2004), em 11.07.2005 Vanessa da Mata volta aos palcos do programa Palco MPB da rádio MPB FM 90,3. Toda semana você tem um show marcado. O Palco MPB, que inclui show e entrevista comandada pelo locutor Fernando Mansur, acontece no auditório da MPB FM e tem transmissão simultânea em 90.3 Mhz.

Vanessa da Mata volta ao Palco MPB da MPB FM 90,3


Vanessa da Mata e Fernando Mansur em 10.12.2004