quinta-feira, julho 14, 2005

Manual da Indústria Pop

Em seu segundo CD, Vanessa da Mata se perdena tentativa de soar como Marisa Monte

por Mauro Ferreira

O segundo disco de Vanessa da Mata, Essa Boneca Tem Manual, é triste exemplo de como a indústria fonográfica pode manipular a inspiração de um artista. O regionalismo chique e eventualmente brejeiro exibido pela compositora mato-grossense em seu primeiro e estupendo CD acabou diluído pela fórmula pop de Liminha, produtor do novo álbum e parceiro da cantora em cinco das dez inéditas.
A gravadora Sony Music planeja para Vanessa o estouro que não aconteceu no trabalho anterior, e a escolha da canção que puxa o CD nas rádios, “Ainda Bem”, não deixa dúvidas de que a intenção é fazer a cantora soar como Marisa Monte.
A onipresença de Liminha como parceiro da artista é um dos fatores negativos do CD. Vanessa se garante sozinha como compositora, a julgar por faixas como “Joãozinho”, cuja brejeirice remete ao seu primeiro álbum. Avalizada por Maria Bethânia, que a revelou em 1999 com a gravação da toada “A Força Que Nunca Seca”, Vanessa é autora inspirada, mas sua nova safra de canções foi banalizada por Liminha.
Por conta dos desacertos autorais, a intérprete supera a compositora no disco. Feita com a participação do coro infantil da Escola de Música da Rocinha, a recriação de “História de uma Gata” – tema italiano letrado por Chico Buarque nos anos 70 para o musical Os Saltimbancos – é prova de que Vanessa tem personalidade e não precisa ficar na cola de Marisa Monte.

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